Os Homens dos Sambaquis: A História Milenar de Imbituba e Região

No litoral catarinense, entre as belas paisagens de Imbituba, Garopaba, Tubarão e Jaguaruna, esconde-se um tesouro arqueológico fascinante: os sambaquis. Esses grandes montes de conchas, construídos há mais de 8 mil anos, foram erguidos pelos sambaquieiros, povos indígenas que dominavam a arte de transformar restos de alimentos em monumentos culturais. Mais do que simples amontoados de conchas, os sambaquis eram espaços de rituais funerários, demarcação territorial e convivência comunitária, revelando uma organização social complexa e uma profunda conexão com o ambiente costeiro.
Os sambaquieiros viviam em harmonia com a natureza, aproveitando a abundância de recursos marinhos e terrestres. Sua dieta incluía moluscos, peixes, crustáceos, pequenos animais e frutos silvestres, o que permitia a fixação desses grupos em áreas estratégicas. Além disso, eles construíam os sambaquis intencionalmente, não apenas para descartar restos de alimentos, mas também para celebrar rituais e honrar seus mortos. Em locais como Roça Grande, em Imbituba, e Barbacena, em Laguna, esses sítios arqueológicos são testemunhos de uma cultura rica e adaptada ao ambiente.
A chegada dos colonizadores europeus trouxe mudanças drásticas, e muitos sambaquis foram destruídos ou usados como matéria-prima para a produção de cal. No entanto, hoje esses sítios são reconhecidos como patrimônios arqueológicos de grande valor, contando a história dos primeiros habitantes da região. Em toda a área, de Garopaba a Jaguaruna, os sambaquis formam uma rede de mais de 120 sítios, evidenciando a interação e a expansão desses povos antigos.
Preservar os sambaquis é mais do que proteger montes de conchas; é resgatar a memória e a identidade de um povo que deixou um legado milenar. Em um mundo onde o desenvolvimento urbano avança, conhecer e cuidar desses sítios é um ato de respeito à nossa história. Afinal, os homens dos sambaquis nos ensinam ser possível construir um legado que atravessa o tempo, e que, em cada concha e cada grão de areia, há uma história esperando para ser contada.
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